segunda-feira, 4 de abril de 2016

Quem procura, acha; acho...

Agora sim, parece que a coisa vai! A partir de novos aportes de recursos (bilionários recursos, ressalte-se), provenientes de entusiasmados apoiadores particulares endinheirados, do porte de empresas como Google, HP, Microsoft e outros, o Projeto SETI (sigla inglesa para o Instituto de Busca por Inteligência Extraterrestre) ganha novo fôlego. A iniciativa reúne cientistas de todas as ordens e de diversas nacionalidades que, a partir do rastreamento do universo em busca de sinais de ondas de rádio, vem acumulando e estudando dados desde a década de 1960 na esperança de identificar vida inteligente e adicioná-la às redes sociais terráqueas.
Como, ao longo das décadas, não se conseguiu detectar bulhufas, a grana dos investidores foi minguando, minguando... Porém, agora, com a súbita renovação do interesse pela coisa, 42 antenas ultramodernas foram instaladas na Califórnia para dar sequência ao projeto de rastrear o universo em busca de sinais de vida inteligente. Um aspecto que me chama a atenção de cara é que todas as 42 antenas estão, desde já, posicionadas DE COSTAS para a Terra. Ou seja, levo fé nos cientistas, pois eles não desperdiçam tempo com bobagens. Ora, se o propósito é procurar sinais de vida INTELIGENTE, então, não é para a Terra que eles vão direcionar a mira das antenas. O saudoso humorista brasileiro Barão de Itararé não era cientista, mas já antecipava que “de onde menos se espera, dali é que não sai nada mesmo”. Portanto, olhos e ouvidos pregados no céu!
As antenas do Projeto SETI estão imbuídas de uma missão que lembra a saga pessoal a que se impôs o filósofo Diógenes, que viveu na Grécia entre os séculos três e quatro antes de Cristo. Tendo ficado muito pobre, diz-se que morava dentro de um imenso barril e que, durante o dia, perambulava pelas ruas de Atenas portando uma lamparina acesa. Quando indagado a respeito daquela atitude estranha, respondia que estava à procura de um homem honesto. Difícil missão a que se impôs Diógenes. Não sei se encontrou o objeto de sua procura e, para alívio geral das nações e das gerações humanas posteriores, deu por encerrada a busca assim que morreu.

Eu, assim que ficar bilionário, vou subornar os cientistas do Projeto SETI para que reprogramem pelo menos uma das antenas e direcionem-na para a Terra, a fim de dar continuidade ao projeto de Diógenes, que acho de maior valia e de mais premência. Hein? Que disse a senhora? Ah, sim, claro. Subornar, não, sugerir. Sim, desculpe, foi vício de linguagem, afinal, sou terráqueo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 4 de abril de 2016)

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