Há vezes em que o mundo ao redor
se assemelha a um verdadeiro circo dos horrores. Se formos elencar o que nos
causa horror, somos capazes de preencher o espaço em jornal destinado à
produção de crônicas mundanas diárias. Vamos ver?!
Podemos começar afirmando que
tenho horror aos preconceitos, de todos os tipos, de todas as modalidades. Horror
ao preconceito de cor de pele, de orientação sexual, de credo religioso, de
raça, de condição social, de aparência física, de nível cultural. Os
preconceitos relativos à cor da pele e à raça são dos mais antigos e perigosos
e causam tanto horror que ganharam nome próprio para facilitar a sua detecção,
quando se manifesta: racismo. Tenho horror a racismo. Da mesma forma, tenho
horror à intolerância, que é a principal decorrência do preconceito. Ela se dá
a partir do momento em que o preconceituoso se imagina seguro e autorizado a
materializar seus preconceitos na vida prática e a atacar o objeto de sua
intolerância. Tenho horror à intolerância. Tenho horror também à discriminação.
Tenho horror ao ódio, pois que
esse sentimento, sempre que cultivado nos corações das pessoas, transforma os
seres em monstros que propagam a intolerância e o preconceito. O ódio mata,
destrói, fere, machuca, macula, mancha, estraga, atrasa. Tenho horror ao ódio. E
tenho horror ao que se passou a conhecer como “bullying”, que é a “arte” (entre
aspas, porque de Arte mesmo não tem nada) de oprimir os mais fracos atacando
seus pontos mais frágeis, por puro prazer sádico. Tenho horror ao sadismo. E
tenho horror à prepotência, porque ela é o alimento do sádico e do explorador.
Ah, tenho horror à exploração, seja ela econômica, física, emocional, sexual,
do tipo que for.
Tenho horror ao materialismo.
Tenho horror à ganância. Tenho horror à cultura do “jeitinho”. Tenho horror à
corrupção. Tenho horror de corrupto e de corruptor. Tenho horror à falta de educação,
no sentido de “ser mal-educado”. Tenho horror à censura. Tenho horror a
ditaduras gerais. Tenho horror a manipulações. Tenho horror de quem não sabe
perder e também de quem não sabe ganhar. Tenho horror de quem muda as regras do
jogo em benefício próprio. Tenho horror às coisas veladas.
Mas horror dos horrores mesmo
seria achar que nada disso tem solução. Tem, sim, ela existe dentro de cada um,
na força que possuímos para mudar o mundo a partir de nosso próprio entorno. O
combate ao horror parte de dentro de cada um nós a cada dia em que levantamos e
vamos à vida. Sempre alertas, como deve ser, porque os horrores não dão trégua
nunca.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 18 de abril de 2016)
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